sexta-feira, 15 de abril de 2011

A ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA E ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM.



                                                                                            ESTRELA, Francine 1
      RESUMO


            A atuação administrativa e assistencial de enfermagem atualmente encontram-se confrontadas, embora seja uma questão polêmica na área.
Para entender a atuação exercida no cotidiano destes profissionais, realizou-se uma pesquisa para identificar a atuação administrativas e assistências de enfermagem  em três unidades de saúde, em um Hospital Estadual, um PSF e uma Clínica particular. Os dados coletados através de questionário com enfermeiros e análise de artigos, evidenciam que a atuação administrativa  do enfermeiro é bem realizada, ocupando a maior parte de tempo e a atuação assistencial vista como insatisfatória, não sendo a assistência de enfermagem planejada e implementada. Objetivo: Identificar a atuação do enfermeiro na área administrativa e assistencial.

Palavras chave: Atuação administrativa, assistencial, enfermagem.



INTRODUÇÃO

       A Enfermagem atua de forma assistencial  e sistematizada possibilitando melhores condições de vida para o cliente ou paciente. Tendo em vista que as atribuições administrativas também fazem parte de seu cotidiano muitas vezes ocupam a maior parte do tempo desses profissionais, tornando assim a assistência insatisfatória. Causando polêmica entre vários profissionais que priorizam a maior parte das vezes a atuação administrativa. “De acordo com a lei nº 7.498/86, Regulamenta­ção do Exercício Profissional, do Conselho Regional de Enfermagem (COREN), o enfermeiro exerce ati­vidades, cabendo-lhe: dirigir órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saú­de e chefiar o serviço e a unidade de enfermagem; organizar e dirigir os serviços de enfermagem e suas atividades técnicas e auxiliares; planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços de assis­tência de enfermagem; realizar sistematização da assistência de enfermagem; oferecer cuidados di­retos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; participar do planejamento, da execução e da avaliação da programação de saúde e participar da elaboração, execução e avaliação dos planos as­sistenciais de saúde(1)”.
Considera-se a conciliação das funções de super­visão e assistência como pressuposto à construção da identidade profissional do enfermeiro, bem como à prestação de serviços de enfermagem de qualidade ao paciente(2).
O enfermeiro deve ter conhecimento, experiência e dinamismo. Deve pautar sua meta de trabalho sobre a qualidade dos resultados e exercer suas funções com eficiência e criatividade. Deve valorizar as qualidades das pessoas e preocupar-se com o desenvolvimento técnico e científico de sua equipe. Além disso, deve manter bom relacionamento com a direção da insti­tuição e com seus funcionários, servindo de ponte en­tre os dois lados. A dignidade pessoal e o respeito ao ser humano devem ser características visíveis em sua personalidade(3).
As competências gerais do enfermeiro também es­tão relacionadas com a área administrativa, que en­globa tomada de decisão, liderança e administração. Dentre as funções administrativas, destacam-se o pla­nejamento, a organização, a coordenação, a direção e o controle dos serviços de saúde. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões e comunicação de forma efe­tiva e eficaz(4).
Na liderança, o enfermeiro influencia as ações de outros para o estabelecimento e para o alcance de ob­jetivos. Isto implica definir e planejar a assistência de enfermagem num cenário interativo. Para que o enfer­meiro exerça liderança, ele precisa dominar e conciliar o emprego de princípios e técnicas de administração com os princípios e as técnicas que norteiam a presta­ção do cuidado em enfermagem(5).
Nota-se que o enfermeiro tem que ser líder e ter um bom relacionamento com a equipe, sendo assim todos serão beneficiados.
 As funções administrativas foram subdivididas em burocráticas e não-burocráticas.
A função administrativa burocrática envolve a utilização do conhecimento especializado sobre administração e o seu exercício contribui para o alcance dos objetivos da organização. Ela é norteada pela imparcialidade e objetividade (6).
Uma organização burocrática abrange funções claramente definidas e vinculadas aos fins da organização, onde cargos e status hierarquizados integram-se aplicam deveres e direitos estabelecidos e regidos por normas. Neste tipo de estrutura "a conduta administrativa, de modo geral, realiza-se dentro do limite de normas pré-estabelecidas pela organização" (7).
A função administrativa não-burocrática também contribui para o alcance dos objetivos da organização, mas depende da utilização do preparo e competência profissional do enfermeiro, visando a qualidade do trabalho executado.
Portanto, difere da burocrática: 1°) não é regida detalhadamente por normas, 2°) depende mais da competência do indivíduo, 3°) deixa lugar para a criatividade, 4)° deixa espaço para um estilo pessoal e 5°) enquanto a função burocrática é comandada pelo compromisso à organização, a não-burocrática é mais orientada pelo compromisso com a profissão (6).
Assim sendo, a função administrativa burocrática é um tipo de comportamento impessoal que é orientado detalhadamente por normas, rotinas e objetivos tidos pela organização. O comportamento do administrador segue-se ao compromisso para com a organização.
Para identificarmos a atuação do enfermeiro em relação a área administrativa burocrática , não-burocrática e assistencial; tivemos a finalidade de levantar dados sobre suas funções desenvolvidas e compreender melhor como anda o  papel do enfermeiro na parte administrativa e assistencial.

OBJETIVO
Identificar a atuação administrativa e assistencial de enfermagem realizadas em unidades de saúde  e conhecer seus confrontos e opiniões, assistência, comunicação e organização dos profissionais de enfermagem.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi de caráter qualitativo, pois procurou-se buscar e levantar dados da atuação do enfermeiro na parte administrativa e assistencial. A pesquisa foi realizada em três Unidades de Saúde, um Hospital Estadual Geral de grande porte, um PSF, Clínica particular; a amostra foi constituída de 10 enfermeiros.  O instrumento de coleta de dados (Anexo 1), construído , constou de duas partes. A primeira parte continha questões semi-abertas sobre assistência e a segunda parte sobre ações administrativas. Onde 3 enfermeiros de uma clínica particular relataram “que a organização da unidade é bem realizada e que a qualidade da assistência tem que melhorar,” os demais relataram “que atuação administrativa do enfermeiro é realizada com mais empenho e tomando maior parte do seu tempo ,deixando de lado a assistência”.


RESULTADOS
           
            Avaliando os dados obtidos através do questionário(Anexo1) (8),foi constituída uma amostra com 10 enfermeiros, onde apresentou-se resultados divididos na atuação assistencial e administrativa do enfermeiro.
Tabela 1. Atividades administrativas realizadas pelo enfermeiro.
Organização da unidade                                Bem administrada                                           pouco administrada
     números                                                                       7                                                                         3
Materiais adequados e suficientes                             sim    (3)                                                                     não(7)
  Comunicação                                                         existe  (4)                                                          não existe  (6)
Diálogo                                                                     existe                                                               não existe
Problemas resolvidos                                                sim                                                                 sim
Assistencial                                                             melhorar    (7)                                                       manter(3)
Capacitação de funcionários                                       aplicar   (7)                                                      não necessário (3)

A organização do trabalho de enfermagem é necessária para se obter bons resultados! De acordo com A.M. relata que “ Aplicando melhores conhecimentos adquiridos e bom relacionamento com todos que fazem parte da equipe”.  Já F.C relata que” è necessário, pois quando se tem uma boa organização e sistematização surte efeitos positivos”.
As atividades que o enfermeiro realiza normalmente em seu setor, segundo o questionário:  A. M. “ visitas, curativos, procedimentos “.
Os resultados encontrados  com os questionários aplicados demonstram que a atuação do enfermeiro na área assistencial tem muito o que melhorar, ou seja, ser planejada, sistematizada e implantada, pois atualmente os enfermeiros atuam mais administrativamente pelo tempo e quantidade de burocracias que tendem a resolver deixando o mais importante que é a assistência para depois.


CONCLUSÃO

Concluo que através da coleta de dados realizada, que a atuação da assistência de enfermagem foi menos aplicada em relação a atuação administrativa e as atividades administrativas mais realizadas foram organização da unidade, capacitação de funcionários, reuniões,liderança. Em fim concluo que a parte assistencial tem que ser vista com mais cuidado, ser mais planejada e implantada para uma melhor qualidade de vida do paciente e melhor eficiência na atuação do enfermeiro; não deixando a desejar na administrativa, pois as duas modalidades precisam caminhar juntas para obter um resultado satisfatório.

ANEXO 1
Questionário baseado na atuação administrativa e assistencial de enfermagem.


1-     Ao seu ver como é a parte organizacional da unidade?


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2-Os materiais são adequados e suficientes para que se tenha uma assistência de enfermagem adequada ao paciente?

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3-Falta comunicação entre a equipe?

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4-Há diálogo entre a chefia e trabalhadores?


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5- Os problemas que ocorrem são resolvidos de forma cautelosa , com responsabilidade e agilidade entre os supervisores e os demais profissionais?

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6- Como trabalhador da área você concordaria que cursos de capacitação oferecidos pela unidade que trabalha seriam uma boa solução para o aprimoramento de suas técnicas e melhor qualidade de assistência ao
Paciente?
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8-Você possui autonomia e respaldo para desenvolver técnicas administrativas e assistências que possam surtir resultados positivos, tanto para o paciente ,quanto em relação ao seu trabalho?
Sim ou não, justifique.

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9- A organização do trabalho de enfermagem  é necessária para se obter bons resultados! De acordo com esta afirmativa diga o que seria uma boa organização do trabalho de enfermagem.


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10- Com a falta de organização  no setor e um bom gerenciamento na enfermagem você concordaria que podemos ter uma assistência de enfermagem de qualidade para os pacientes?
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11-Qual seria sua opinião em relação à reuniões, onde a equipe se uniria e tenta-se discutir sobre uma melhor administração do setor e uma melhor assistência ao paciente? Acharia que pude-se dar certo?


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12- Qual estilo de liderança o enfermeiro deve adotar com a sua equipe?
Ele deve ser líder ou autoritário?
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13_ O enfermeiro dedica-se mais as atividades administrativas-burocráticas do que a assistencial?------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
14-Quais são as atividades que você realiza diariamente em seu setor?


Nome do entrevistado: ------------------------------------------------------------------
Data:-------------------------------------------------------------------------------------



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1-             Brasil. Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências [Internet]. Brasília (DF): Diário Oficial da República Federativa do Brasil; 1986 [citado 2009 Maio 22]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=22§ionID=35
2-              Martin J, Valentim A. Supervisão de enfermagem x assistência ao paciente: compatibilização como pressuposto à identidade profissional e à qualidade da assistência. Nursing (São Paulo). 2000;3(26):16-7.
3-              Marx LC, Morita LC. Manual de gerenciamento de enfermagem. São Paulo: Rufo; 1998.
4-             Peres AM, Ciampone MHT. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto & Contexto Enferm. 2006;15(3):492-9.
5-             Trevizan MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo: Sarvier; 1993.

6-              TREVIZAN, M.A.; MENDES, I.A.C.; FÁVERO, N.; NOGUEIRA, M.S. Focalizando o exercício administrativo no conjunto de funções do enfermeiro. Rev. Esc. Enf. USP, v.23, n.1, p.17-26, 1989.
7-             MERTON, R.K. Estrutura burocrática e personalidade. In: CAMPOS, E. Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro, Zahar, 1966. cap. ,p.


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